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02/05/2008 20h21
O TEMPO COM KHALIL GIBRAN
O TEMPO COM KHALIL GIBRAN
....E um astrônomo disse: Mestre, e o Tempo? E ele respondeu: Mediríeis no tempo o que não tem medida e o imensurável. Ajustaríeis vossa conduta e mesmo diri-
giríeis o curso do vosso espírito de acordo como as horas e as estações. Do tempo, fa-
riéis um riacho, em cujas margens sentaríeis e olharíeis seu fluxo. No entanto, o intemporal em vós sabe da intemporalidade da vida. E sabe que ontem é apenas memória de hoje e o amanhã é o sonho de hoje. E aquele que canta e contempla dentro de vós ainda vive dentro os limites daquele primeiro momento que espalhou as estrelas pelo espaço. E quem, entre vós, não sente que seu poder de amar é ilimitado? E, no entanto, quem não sente que este mesmo amor, apesar de ilimitado, está contido no centro do seu ser, sem mover-se entre pensamentos de amor e entre atos de amor? E o tempo não é como o amor, indivisível e sem ritmo? Mas, se em vosso pensamento deves medir o tempo em estações, que cada estação inclua todas as outras estações. E que hoje contenha o passado com lembranças e o futuro com esperança.
Khalil Gibran, (1883/1931) in O PROFETA
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Publicado por Lilian Reinhardt em 02/05/2008 às 20h21
02/05/2008 12h20
O INSTANTE COM BORGES
O INSTANTE
"Onde estarão os
séculos, onde o
sonho
Das espadas que os
tártaros sonharam
Onde os sólidos
muros que
aplanaram,
Onde a árvore de
Adão e o outro
Lenho?
O presente está só.
Mas a memória
Constrói o tempo.
Sucessão e engano
É a rotina do relógio.
O ano
Nunca é menos vão
do que a vã história.
Entre a aurora e a
noite há um abismo
De agonias, de
luzes, de cuidados;
O rosto que se vê
nos desgastados
Espelhos da noite já
não são os mesmos.
O hoje fugaz é tênue
e é eterno;
Não esperes outro
Céu nem outro
inferno "
Jorge Luiz Borges (1899-1986)
In: Obras Completas II, O Outro, O Mesmo
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Publicado por Lilian Reinhardt em 02/05/2008 às 12h20
02/05/2008 00h21
O FIO DA FÁBULA COM BORGES
O FIO DA FÁBULA COM BORGES
"O sonho de um faz parte da memória de todos"
" O fio que a mão de Ariadne deixou na mão de Teseu (na outra estava a
espada) para que este se aventurasse no labirinto e descobrisse o centro, o homem
com cabeça de touro ou, como pretende Dante, o touro com cabeça de homem, e o
matasse e pudesse, já executada a proeza, decifrar as redes de pedrae voltar para
ela, para o seu amor.
As coisas aconteceram assim, Teseu não podia saber que do outro lado do
labirinto esta o outro labirinto, o do tempo e que num lugar já fixado estava Medeia.
O fio perdeu-se, o labirinto perdeu também. Agora nem sequer sabemos se nos
rodeia um labirinto, um secreto cosmos ou um caos ocasional. O nosso mais belo
dever é imaginar que há um labirinto e um fio. Nunca daremos com o fio; talvez o
encontremos num ato de fé, num ritmo, no sono, nas palavras que chamam filosofia ou na mera e simples felicidade."
Jorge Luiz Borges (1899/1986)
Obras Completas III - Os Conjurados
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Publicado por Lilian Reinhardt em 02/05/2008 às 00h21
01/05/2008 23h56
MELODIA COM SCHOPENHAUER
MELODIA
"O que vemos na poesia encontramos na
música, desde que reconhecemos que nela a
melodia narra em geral a história íntima da
vontade consciente em si, as veredas ocultas,
as aspirações, as tristezas e as alegrias, o
fluxo e e refluxo do coração humano.
A melodia caminha sempre, apartando-se
do tom profundamente, seguindo mil remotos
e caprichosos sentidos, passando pelas
dissonâncias mais dolorosas, até que
novamente reencontra o tom fundamental,
que exprime a satisfação e a calma da Vontade,
mas com que, seguidamente, já se não sabe
o que fazer: manter, então mais longamente
a nota fundamental produziria pesada e ociosa
monotonia, a qual corresponderia ao tédio"
Arthur Schopenhauer (1788/1860)
in "O Mundo como Vontade
e Representação"
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Publicado por Lilian Reinhardt em 01/05/2008 às 23h56
01/05/2008 23h00
COM LAO TSE
COM LAO TSE
Capítulo IV
" O caminho é o Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente
profundo e amplo, como a
raiz dos dez mil seres
Cegando o corte
Desatando o nó
Harmonizando-se à Luz
Igualando-se à poeira
Límpido como a existência
eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei
Celeste"
(Tao The Ching)
LAO TSE (aC - 531 aC)
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Publicado por Lilian Reinhardt em 01/05/2008 às 23h00
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