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Sensíveis Cordas!

Meu Diário
13/05/2008 21h56
UM GOGÓLICO DESTEMPO COM ZAVADSKI



                                    UM GOGÓLICO DESTEMPO COM ZAVADSKI



                        Ele era destempo, destemperado e gogólico, empunhava a batuta, era
pesado, monódico, monolítico, pisava firme, afundava o chão e parecia um engolidor de almas.
Ele era um destempo impróprio à paradoxos de carnaduras, chegava sempre pelo longo corredor
da caverna e por aquela goela de turbilhonante ansiedade dizia: - A profanação retempera  os desejos, recompõe heresias, é preciso reconfrontar texturas, libertar-se
do caminho original, do caminho paternal, os animais nas passagens quebram as bilhas na busca pela água e comida. Na opressão da caminhada, no pastoreio, rompem volteios, fogem de velhos comboios que encontram ao acaso nas estradas, escapam das similares prosas do mundo. Puxa a corda umbilical do pião - completava, fugaz é o gozo da humana condição. E arrematava a prosa em silêncio, sem leilão: - O homem é um forjador de linguagens e no remoinho da história o lugar é de combates. Avante animais,
para o abate! No fundo, talvez, o verbo esse sôpro de ruídos profanadores seja apenas
um tempo de conjugação de incompletudes, do grunhido das coisas, um tempo de recrias, da palavra
sempre grávida e do animal grávido, uma alquímica forragem!...


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Publicado por Lilian Reinhardt em 13/05/2008 às 21h56
 
13/05/2008 14h38
ENTRE CORRENTES UMA ELEGIA PARA NIKOLAO




       ENTRE CORRENTES  UMA ELEGIA PARA NIKOLAO


         Meio longe ou meio perto, só uma mancha imensa na retina de borra na tela esmaecida. Não sei se passo perto ou se passo longe, se fico em cima ou fico embaixo, se o banco é alto, então minha visão é abaixo da linha do horizonte, mas a grande bacia da água é muito grande, uma imensa cratera e gira o meu olhar como em decantação, não consigo segura-lo e  a figura daquele homem como uma grande estátua me horroriza. Com dificuldade olho a grande mesa, há leite, pão feito em casa, canecas esmaltadas, mas, não consigo ve-la...não a vejo, os pés de madeira bruta sobem aos céus como grandes colunas. Me agarro com dificuldade sobre o banco. Aquele homem ao longe tem uma barba muito longa, como uma velha árvore tombada, permanece naquela posição imóvel. Os circunstantes arrastam seus enormes pés...ouço-lhes as correntes, há como é terrível ouvir os sons de correntes, correntes que degolam, assim o matadouro próximo daqui tá fazendo agora, correntes que se usam em pescoços com santinhos, correntes que em cadarços amarram sapatos que afundam pregos em sua sola...há, o  solado dos sapatos e o velho sapateiro Lucidório que mora no bairro Jardim Paulista, há alguns quilometros daqui do escritório...com seus sapatos consertados, congelados naquelas prateleiras com cheiro de cola, tinta e fungo de pés...os pés que são suportes e arrastam correntes...mas a barba enorme daquele homem sentado continua fustigando o meu olhar como uma imensa mancha que o tempo, nem as águas as chuvas conseguem diluir...sua barba é uma enorme corrente serpenteando as dobras do instante. E eu, não consigo segurar o instante, a palavra foge, se esfuma, apenas mal a ouço e já a vejo despregar-se no tempo, mas, a grande mancha se reconfigura na tela e revejo com claridade atrás da palavra o velho alemão, Nikolao,meu avô, com suas longas barbas, os pés dentro da bacia da água cheia de sangue e uma ferida profundamente escavada sangrando-lhe intermitentemente, de uma das colunas e suas pernas...No vazio do espaço a formatação das linhas das águas que se esvaem, a barulheira na farmácia aqui ao lado, o cinza recaído sobre o gramado da manhã, as correntes se arrastando e se despetalando no mesmo ritmo...tudo sempre se esfumaça, se rasga, se arrasta!!!


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Publicado por Lilian Reinhardt em 13/05/2008 às 14h38
 
10/05/2008 12h39
VERBO SONORO EU TE AMO



                               VERBO SONORO EU TE AMO
                              PARA MINHA MÃE DONA HILDA
                                      
                                              "...que música belíssima ouço no profundo de mim...
                                   ...é música de câmara, música de câmara é sem
                                      melodia. É modo de expressar o silêncio...
                                    
atrás do pensamento não há palavras.É-se!"

                                                                  (Clarice Lispector)

                                       Pela grandeza de sua força,
                            pela sua simplicidade,
                           pela ternura de sua voz... (ela cantava)!
                                                
                                                                         
                                      
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Publicado por Lilian Reinhardt em 10/05/2008 às 12h39
 
07/05/2008 06h46
MEU ESTUDO DE VAN GOGH (vii)





              

                            MEU ESTUDO DE VAN GOGH (vii)
                                  (ana cortes)

                           Este é um estudo, também, na técnica do pastel seco,       de figura (não de retrato), de   Pére Tanguy, um comerciante de tintas e materiais   artísticos em geral, de Paris (séc. XIX) que vendia aos pintores  e aceitava  trabalhos em pagamento.  
                           Resgatar  memórias é resgatar a vida pela Arte...em qualquer forma de linguagem!

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Publicado por Lilian Reinhardt em 07/05/2008 às 06h46
 
06/05/2008 18h36
DAS PALAVRAS COM FOUCAULT




                           DAS PALAVRAS  COM FOUCAULT


                   '   O homem, na analítica da finitude é um estranho duplo

                      empírico-transcendental, porquanto é um ser tal que 
                      nele se tomará conhecimento do que torna possível

           todo conhecimento...


         Michel Foucault, in As Palavras e 
 
                     e as Coisas, p.439

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Publicado por Lilian Reinhardt em 06/05/2008 às 18h36



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