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03/05/2008 20h09
ORAÇÃO AO MILHO COM CORA CORALINA
ORAÇÃO AO MILHO
Senhor, nada valho.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos
e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso,
nasce e cresce na terra descuidada.
Ponho folhas e haste, e se me ajudardes, Senhor,
mesmo planta de acaso, solitária,
dou espigas e devolvo em muitos grãos
o grão perdido inicial, salvo por milagre,
que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo
e de mim não se faz o pão alvo universal.
O Justo não me consasgrou Pão de Vida, nem
lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que
trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
alimento de rústicos e animais de jugo.
Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
coroados de rosas e de espigas,
quando os hebreus iam em longas caravanas
buscar na terra do Eito o trigo dos faraós,
quando Rute respigava cantando nas searas de Booz
e Jesus abençoava os trigais maduros,
eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Fui o angu pesado e constante do escravo na
exaustão o eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a farinha econômica o proletário.
Sou a polenta do imigrante e
a miga dos que começam
a vida em terra estranha.
Alimento de porcos e do triste mu de carga.
O que me planta não levanta
comércio, nem avantaja dinheiro.
Sou apenas a fartura penosa e
despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos na glória
do dia que amanhece.
Sou o cacarejo alegre das poedeiras
à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor,
que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho.
in POEMAS DOS BECOS DE GOIÁS E ESTÓRIAS MAIS
CORA CORALINA
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Publicado por Lilian Reinhardt em 03/05/2008 às 20h09
03/05/2008 14h21
EL LIBRO DE LAS PREGUNTAS CON PABLO NERUDA
EL LIBRO DE LAS PREGUNTAS CON NERUDA
(44)
Dónde está el niño
que yo fui
signe adentro de mi
e se fue?
Sabe que no lo qui se
nunca
y que tampoco me
queria?
Por qué anduvimos
tanto tiempo,
creciendo para
separarmos?
Por qué nos morimos
los dos cuando mi infância
se murió?
Y si el alma se me cayó,
por qué me sigue
el esqueleto?
PABLO NERUDA (1904/1973)
Publicado por Lilian Reinhardt em 03/05/2008 às 14h21
03/05/2008 11h56
DO VERBO COM LOUIS-CLAUDE DE SAINT-MARTIN
DO VERBO
Dentre os trê signos fundamentais a que toda expressão de nossos pensamentos está sujeita, há um que merece preferencialmente a nossa atenção e o
enfocaremos por alguns momentos; é o que liga aos dois outros, que é a imagem da ação entre nossas faculdades intelectuais e a imagem do Mercúrio entre os princípios corporais; em suma, o que tem o nome de Verbo entre os Gramáticos. É preciso então não esquecer que se ele é a imagem da ação, sobre ele está apoiada toda obra sensorial. e que como propriedade da ação é a de tudo fazer, a desse signo ou de sua imagem é de representar e indicar tudo o que se faz. Assim, que se reflita sobre as propriedades desse signo na composição do discurso; que se veja que, quanto mais ele é forte e expressivo, mais os resultados que dele provêm são perceptíveis e marcantes; que se faça essa experiência tão fácil e se veja que, mesmo em todas as coisas submetidas ao poder ou às convenções do homem, seu efeito é regulado, determinado e animado principalmente pelo Verbo. ....Não me estenderei mais sobre as propriedades do Verbo;...eis uma das Leis...
in DOS ERROS E DA VERDADE
LOUIS-CLAUDE DE SAINT-MARTIN (1743/1803)
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Publicado por Lilian Reinhardt em 03/05/2008 às 11h56
02/05/2008 23h19
GRANDE HINO A VIRACOCHA ( INCAS)
GRANDE HINO A VIRACOCHA
INCAS (PERU)
A Viracocha, poder de tudo que existe,
que seja macho ou fêmea.
Santo, Senhor, Criador a luz
que se levanta. Quem és?
Onde estás? Poderei eu ver-te?
No mundo o alto, no mundo embaixo,
de que lado do mundo se acha
teu trono poderoso? No oceano celeste
ou nos mares terrestres,
onde habitas,
Pachamac, criador dos homens?
Senhor, teus servidores,
com os olhos manchados,
desejam ver-te...o sol, a lua,
o dia, a noite, o verão, o inverno
não são livres. Eles
recebem tuas ordens,
obedecem às tuas instruções.
Eles obedecem
a tudo que foi por ti determinado.
Onde e para quem enviaste
o cetro brilhante?
E quanto a ti, ó homem,
com a boca alegre
e a língua exultante,
dia e noite tu chamarás.
Embora jejuando,
com a voz do rouxinol,
tu cantarás.
e talvez, para nossa alegria
e por sorte em algum lugar,
o Criador do homem,
o Senhor Todo-Poderoso,
te escutará...
Criador do mundo de cima,
do mundo de baixo,
Vencedor de todas as coisas,
onde estás?
que dizes?
Fala,
vem,
verdadeiro de cima,
verdadeiro de baixo,
Senhor,
modelador de tudo o que existe,
único criador do homem,
dez vezes te adorarei,
com meus olhos salpicados.
Que esplendor!
Eu me prostarei diante de ti.
Olha-me, Senhor,
presta atenção à minha voz!
tradução Rose Marie Muraro e outro
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Publicado por Lilian Reinhardt em 02/05/2008 às 23h19
02/05/2008 22h01
UMA ESTÓRIA ZEN-TAOÍSTA
PAW NOKOKO FALA SOBRE A VERDADE
Paw Nokoko e seu discípulo Boundha estavam no bosque Chow Chow Tha (significa: úmido e quente), quando o pássaro Fenix desceu em chamas e pousou perto deles. Em poucos instantes reduziu-se a cinzas. Rapidamente, Paw Nokoko soprou as
cinzas que, com o vento, se espalharam por todo o bosque. Boundha, que conhecia a lenda da ave imortal ficou horrorizado. - Mestre, agora ela não renascerá jamais! Paw
Nokoko pareceu não ouvir a crítica pois estava olhando em torno. Boundha insistiu em sua observação e Paw Nokoko olhou-o tristemente. - Seus olhos ainda não conseguem ver os milhares de fenixes que estão ,agora, voando pelo bosque, explicou.
Swami Deva Prashanto
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Publicado por Lilian Reinhardt em 02/05/2008 às 22h01
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