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07/03/2009 15h18
UM PÉ DE POEMA/ NO JARDIM DE SOFIA (zocha)
imagem/profeciaeterna.blogspot.com
Vou plantar um pé de poema
já esterquei a cova
fiz desova com minha pena
já arregacei os baldes da manga
fiz descarrego das veias
assim planto esse pé de poema no canteiro do agora
crivo nos cravos dos olhos meus
Bordarei sem palavras esses teus umbigos
adejarei borboletas
além da barriga desta aldeia
Já reguei das bilhas
borrifei as calhas com água benta
nas asas do verso o ácido da placenta
a terra te bebe o córrego
fio d'água escorre eternidade!
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www.lanternadevagalumes.blogspot.com
Publicado por Lilian Reinhardt em 07/03/2009 às 15h18
23/02/2009 15h22
ALGO VERMELHO/YOUSSEF RZOUGA
pintura/Gustavo Poblete
ALGO VERMELpHO
Youssef Rzouga
Por amor
no auge do meu amor
estou ausente
estarei ausente amanhã
e depois de amanhã também
para te ver
pela janela
conforme o combinado
Mas através da vidraça
te vejo escrever um poema raro
te vejo sair descalça da sala de banho
te vejo renascer mais jovem
de tuas cinzas
Algo vermelho
ressoa no cristal
do coração
mas não ouso saltar
vou sair pela porta da frente
para te ver
a vida é bela contigo
se precisar de mim
enquanto eu estiver ausente
ama-me de vez em quando
caprichosamente
faz isso por mim
voltarei ocasionalmente
para amar-te
em minha fantasia
Algo vermelho
nos ligará fortemente
durante minha ausencia
Tu és tudo para mim
Eu?
estarei na sala de um estranho poema
para ver-te
Através da vidraça
um cometa
sobe aos céus
ao ar livre
tradução do espanhol por
Lilian Reinhardt
Publicado por Lilian Reinhardt em 23/02/2009 às 15h22
14/11/2008 19h18
ATÉ A ROSA ADORMECIDA DA METÁFORA COM YOSSEF RZOUGA
ATÉ A ROSA ADORMECIDA DA METÁFORA
Youssef Rzouga
Dá-me-me a tua mão
é exatamente o quero
tu sabes o quanto
te quero
mas se te fazes escusa
de uma maneira
ou de outra
não te quero mais
Diga-me se é possível
apagar tudo
e começar do zero
convencer o vampiro
a fazer o impossível
para tornar-se belo
como um sol
lançar um desejo atroz
ao espaço
e colher estrelas e flores
ao largo do rio
Diga-me se é possível
jogar-se num mar escuro
e nadando escrever como um peixe
rebelde
cheio de emoção
como um arco-íris
que se expande pelo universo
inteiro
Diga-me se é possível
reciclar os resíduos
das grandes cidades
e injetar a essência
do jasmim em um
mapa fosforescente
Diga-me se é possível
partir uma maçã
pela metade
se é possível
falar mais forte
contar tudo com
mais detalhes
Se é possível
filtrar a rua
e reunir todas
as pessoas numa
praça de bondade
Dá-me a tua mão
é hora de correr
até a rosa adormecida
da metáfora
tradução/espanhol/lilian reinhardt
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cordasensivel.blogspot.com
Publicado por Lilian Reinhardt em 14/11/2008 às 19h18
16/08/2008 19h36
SALGANTE
SALGANTE
(líricas de um evangelho insano)
Pode ser qualquer texto,
talvez este, o mais exposto,
o menos guardado, este amarrotado,
sem sentinela na torre, bolinha de papel
quase afundado na lixeira de costume,
nada de códigos,
tudo se remumifica
sob o verbo selado,
um cheiro ocre de cebolas
e continentes,
um bálsamo de cedro, uma
coifa guardando a fumaça,
tudo a céu aberto, no rendilhado.
Tudo pode ser um grito perdido,
um grito ouvido, um verbo salgado
sob 0 galho de uma árvore,
o peso e a leveza
do estalido no copo, no corpo,
do gemido fervido
da chaleira anunciando,
o toque da campainha,
o cincerro da ovelha,
o opúsculo dos cães,
a pastoral do amanhecer.
Qualquer texto escreve-se
sem iniciais em pré-texto,
sem recontagens de tempo,
desde que me ouças!
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www.cordasensivel.blgospot.com
Publicado por Lilian Reinhardt em 16/08/2008 às 19h36
28/06/2008 23h07
SÓ A ROSA É ROSA E MAIS ROSA
SÓ A ROSA É ROSA E MAIS ROSA
"...há que fazer calar-se os cães enquanto florescem
os roseirais..." (Youssef Rzouga)
(líricas de um evangelho insano)
...Intertexto com o poema LA LENGUA DE EINSTEIN do poeta
YOUSSEF RZOUGA, de Túnez (Tunísia)
"....otra guerra empleza bárbaramente
comienza el espectáculo:
um poema de casco verde hace strip-tease
jugando al cometa
y sacando la lengua de Einstein
entre poema completamente desnudo
y espectadores
hay roces
es otra vida posible
en esta aldea global
pero me da miedo en la capa de ozono
"colorin colorado...
este poema se ha acabado.."
Esse poema desnudo
caminha nú atrás de mim
e dentro de mim
me caminha esse poema
com sua nudez!
Neste céu de inverno
de roseirais rosal do meu sangue,
grunhe com seus estalidos
de fogo nú
a pira ancestral
da minha aldeia,
esse grunhido escreve
no crepitar das chamas,
o espetáculo da guerra
dessa escrita, do duelo
dessas horas frias, malditas,
enquanto esse poema
me caminha nú,
e lambe o meu corpo
com sua língua primitiva,
te escreve sobre os meus charcos
de crocodilos
e se guarda em senhas
por entre os ovos
das minhas tarturgas,
e os seus refundos rastros
mancham sobre as águas de rosa,
os passos desse meu sol
de sangue, que não pode derreter
com seu manto róseo
os meus pulmões sem o véu de ozônio.
Meus ombros gaia
não podem ficar desnudos!
Grito, grito entre os escombros
dessa língua de Einstein,
grito pela fecundação
da poeira cósmica
dos meus sonhos!!!
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Publicado por Lilian Reinhardt em 28/06/2008 às 23h07
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