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(Memorial de Sofia/Zocha)
reedição
Zocha à mesa corta a broa de trigo e gema, a caneca de café de porcelana simples comprada no armazém do Zé da Vanda, polaca, fumega com sua asa quebrada sobre a toalha bordada de ponto cruz; um singelo maço de dálias sobre o guarda comida povoa os olhos; a blusa branca de crivos secando no varal para a missa de domingo voeja...
No terreiro o carroção cansado guarda silêncios e nos roldões dos pés as notações da pauta da caminhada longa na estrada .Ele viajou a noite inteira com Zocha e Brontcha carregado de hortaliças e agora descansa silencioso no terreiro, próximo a tulha que guarda a ceifa da ultima colheita, as ferramentas ainda exaustas, velado pelos espigais verdejantes da cortina do milharal a abraçar-lhe as vistas.
Na bolsa de pano que Brontcha sua irmã lhe fez com beiradas de crochê Zocha sempre leva consigo algumas palavras/ sementes colhidas dos canteiros do próprio jardim, como contas de um terço para oferecer à Virgem de Chestokova, pois as viagens provocam sempre ventos, perdas e são perigosas, a prudência guarda óleo na lamparina, assim, ela carrega também, num alvejado pano de algodão branco, uma broa de milho e gemas e uma caneca esmaltada.
Ele sempre tem muita fome e sede , se o senhor não me entendeu ouve ......ouve... ouve comigo... os sons da existência das coisas!...www.lilianreinhardt.prosaeverso.net/visualizar.php
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 09/07/2011
Alterado em 12/07/2011
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