LilianreinhardtArte.prosaeverso.net

Sensíveis Cordas!

Textos


 Marcel Duchamp: A Fonte

O BELO INDIFERENTE NAS ARTES PLÁSTICAS COM  MARCEL DUCHAMP


              "...a aparência é a forma que apreendemos
                             com os sentidos....um nó...o nó do desejo..."
                                    (Otávio Paz)
                        


  Marcel Duchamp e Pablo Picasso, consoante registra a historiagrafia da Arte Moderna ,talvez sejam os dois pintores que maior influência tiveram no século XX. Picasso pelo legado de suas obras, Duchamp pela própria negação da moderna concepção de obra de arte. Paradigma do movimento de rebelião dadaísta no início do século XX, nas artes plásticas, a inatividade de Duchamp não surpreendeu  nem deixou de ser fecunda. Colocou em 1917 numa exposição de arte moderna em New York, no púlpito sagrado da instituição artística, sob o pseudonimo de R.Mutt, nada menos que uma fonte de urinar, "um penico", masculino, e foi expulso da ribalta e escavou as trincheiras donde cairam os paradigmas tradicionais dos olhares institucionais sobre a arte, na mordernidade. Duchamp deixou de pintar cedo pela visualidade e passou a pintar a idéia. Uma negação da pintura que segundo Otávio Paz ele chamava de olfativa (pelo odor a terebentina). Uma obra sem obras, o Grande Vidro é sua grande obra, como os" ready mades," alguns gestos e um grande silêncio. " O Grande Vidro" é uma grande obra inacabada de Duchamp, uma dialética com o olhar. Desde o principio Duchamp foi um pintor de idéias, tem fascínio intelectual sobre a linguagem. Considerava esta um instrumento perfeito para produzir significados e também para destrui-los. Entendia  a metaironia como inerente ao próprio espírito das coisas, uma ironia que destrói sua própria negação e se afirma. Duchamp não se interessa pela beleza que não seja a da "indiferença", uma beleza liberta da própria noção de beleza, equidistante do romântico e da cibernética. Criou máquinas pictóricas sem vestígios humanos, mas, entretanto, seu funcionamento é mais sexual do que mecânico. Duchamp introduziu o objeto pronto, manufaturado no palco da  arte., escandalizou a ribalta.Assim, seus objetos, ready-mades puros passarão sem modificação de objetos de uso para "antiobras de arte", como objetos anônimos que o gesto do artista em acolhe-los os converte em obra de arte e a Instituição o consagra! Esse gesto em Duchamp dissolve a obra, é contradição, equivalente plástico ao jogo de palavras, destrói o significado, a sua idéia de valor. O interesse de Duchamp parece ser não mais plástico, mas, filosófico, um dardo, um pontapé na obra sob o pedestal de adjetivos. Duchamp em verdade segundo Paz denuncia a superstição do ofício da arte, as obras são atos. Se na Arte a forma é primordial, produtora de significados, o "ready-made" se contrãpõe ao retiniano, provocador de sensações, pela sua não-significação. É uma arma,  se metamorfoseia em obra de arte e malogra o gesto que profana, se neutraliza, converte o gesto em obra. Duchamp segundo Paz transforma assim a crítica em mito e a negação da Arte em afirmação. A sua obra inacabada "O Grande Vidro", segundo Paz é como uma  derradeira palavra, mas,nunca a do fim, e diríamos, um poema como um ritual, de ausências?!...

Referencias bibliográficas:
BATTCOCK, Gregory. A Nova Arte. Perspectiva, 2002: SP
PAZ, OTÁVIO PAZ. Marcel Duchamp ou o Castelo da Pureza. Perspectiva, SP:2002



www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
www.cordasensivel.blogspot.com
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 12/04/2008
Alterado em 02/05/2008


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras