imagem: josé meneses
SABÃO FEITO EM CASA
(Carroção do Tempo (dos polacos))
"...executo meus versos na flauta das minhas vértebras..."
Maiakóviski
Quando a noite se faz reverberas
e a língua das enxurradas
retrilha a estrada cascalhada,
assentam as passadas dos carroções.
Sinto um cheiro de soda cáustica no ar,
de sabão feito em casa,
ouço o ganido do latão pesado,
fervente, borbulhar...
vociferando sebos e breus,
fagulhas de encáusticas alquimias
de vermes
queimando pelos céus.
Meu olhar remoinha os telhados,
o fogo aceso remela a gamela dos olhos do tempo,
treliças, roliças
fagulham também os pensamentos,
sarças ardentes, videntes,
fervem-se os tormentos.
Louvado seja, Zeus!
E os olhos Teus!
www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
www.cordasensivel.blogspot.com