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A PALAVRA ACESA
Palavra, abraça-me...
Os teus lábios de seda sulcam
minha boca austera de lasciva lousa.
Crava-me a respiração do teu sopro,
o corpo tem fome de outro corpo,
e o orvalho escorre das teias e urdiduras.
É preciso gritar sob essa cálida textura
das rochas, esse verbo,
esse escravo incontido,
prurido de púrpura e vinhas
e de suturas vestido...
que rasteia, tateia e não morre,
neste tempo vivo, enquanto rama,
verso, agonia, extase,
sentido...chama...
Ah... Vida!
Vazam, doem
esses teus estribilhos...
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