Não consigo escrever nenhum verso de amor
o desprezível é tamanho
é muito grande e queima a alma
quando a poesia bela e candida
sangra e a vela chora
e alguns poetas que a escrevem
arfam o peito pela prisão
de inocentes gritando
dentro da armadilha
da cilada
quando comem e bebem com seus filhos em comodos arejados
e desconhecem o suplicio das horas de quem nenhum crime cometeu
e gemem nos catres dos cubiculos
gelados de uma prisão
ah homens e mulheres que se dizem
poetas mas que nao conhecem a poesia da bondade da misericórdia
as farsas de suas máscaras
caem quando a vida os coloca
diante da prova da miséria e dor igual em todos seres
Sua poesia se dissolvera' num jogo
de palavras que o mar da verdade
afundara' no oceano dos desprezíveis