Ah esse estranho mistério
de te ver e não te ver
de roçar os preambulos siderais dos sonhos
com estes cabelos de vento
há tanto de ti em mim
que resvalo na minha sombra
as vezes candeia as vezes
gazela e fera
no mesmo cálice deste poema
quimera
assim substancia atrevida
grito por ti na noite que desfolha
sou sombra e pensamento
risco no ar giz que se apaga como
asas de cera que derretem os verbos
não contei quantos passos dei até
aqui
quantas sandálias perdi
quanto de sal me caiu dos olhos
quantas peras e maçãs me foram
roubadas
quanto cantei e me soprei ao nada
quanto de amor pude soletrar
desta cartilha de névoas
continuo letra cega neste
alfabeto de enganos
teclado de ecos por tua voz
ouço o sino do tempo
até quando amado....