Sou constante mutaçao
trago o rebanho adâmico
disperso
com essas mãos cegas
das minhas caveiras adormecidas
tateio o mundo
quem sou eu
quem és tu
névoa no tempo
queria segurar a eternidade
com as mãos
mas meu bordão
afunda na areia
sou poeira caiaçao
ossos ao vento
caveira e desterro
e tu quem és
a tempestade sempre
me toma vestida de pranto
ave dormida forquilha de nós
vou deixar cair a bandeja
desse verso
passar batom vermelho
na sola do sapato
e respingar de arco íris o
rastro da lesma
ou pintar a boca da barata
sou garra e asas
filha da inquietude
ainda assim te amo
meu poema perdido