as sombras se diluem
o orvalho tece partituras
a xícara cai no chão e não quebra
singro teu rosto e teu corpo plasma de inquietudes entre vales e montanhas nas pedras que voam
elas tem asas
desenho uma silhueta de louça
na lousa negra do incontindo
Sou pássaro esculpido no golgota das horas
alma no atol dos ninhos ouvindo o teu canto e teu grito
Tu amado que centelhas e mortalhas
estás aqui estás acolá
estás em todos os lugares
teus cabelos de cachos de girassois
vingam as vespas e as modorras
e as vulgaridades das desditas
e quando anoitece e betume do céu
tinge minha alma
minha múmia ilumina mil anos
e vejo as múmias do mundo
e o escárnios da carne volutam
tempestades e abortos
paixões carnosas em masmorras
me abrigo em teu verso encarnado
asas molhadas guerra sangrada
por te amar
E singro hemisférios
do que dizes do que ocultas
e nada entendo
enquanto se regozijam os ladrões
e tu resplandesces criança interior
e amante / no legado do verbo
que em mim vive
eternidades