As ruas movem-se
como um extenso lençol
o vento o levanta/ dançam
caracóis nos meus cabelos
estou pendurada no varal do tempo/
subo e desço a rua do rosário/
não sei contar as contas dos meus passos...
não sei como atravesso a cidade
ainda adormecida
estiro minhas tranças
carrego minha maleta pesada
de caderno livros e sonhos
entalada no marinho azul
da saia pregueada do meu uniforme mágico
fico desengonçada
sou gordinha de sonhos desde que nasci
Mas o varal vai empinar
sobre o abismo
fio das horas
e irei fiar meu tecido de carne
e vou gritar e ninguém vai escutar
as feras da ingenuidade
não tardarão a me buscar
a pular as fronteiras proibidas
nasci sonhante
presa fácil na floresta de erros
isto não é poesia!