tela: DEGAS
UM NOTURNO ACALANTO DOS CORPOS
(reescritura)
Onde aquele rosto?
Onde aquelas mãos desnudando
a ânsia e os beirais
de nossos corpos
nas turbas outonais?
Onde aquele selo esfolando-se
e o vapor daquelas nuances
tingindo nossos madrigais?
- que os corpos falam
e se resvalam e se trescalam
porque descansam
e agonizam juntos
e nunca se evaporam
entre as sombras
quando a noite se esfumaça
se remodela e se retraça...
porque na vertigem e na graça
se abrem e morrem
como as sementes,
que guardam o gosto puro
e o mistério dos desejos,
das romãs, das manhãs
com suas folhas escritas,
esparsas...
Teu corpo e tua alma
nunca se fazem ausentes,
tua forma nunca informe
de mim se desentrelaça...
E há que levantar véus
a cada tua chegada!
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