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PÁGINAS DA ALDEIA/ NA OLARIA AS TRILHAS DO PEABERU
... uma palavra uma vez viva ,
uma palavra uma vez imolada, meu pai, grande caboclo
meu pai, de botas longas, de longos estribilhos, de chapéu
de abas largas, caminheiro de longas trilhas, de carregadas
tropas de versos, de minha mãe, filha de imigrantes, destemida,
de pequeninas mãos em forma de berço...
....na capelinha da estrada abandonada me ajoelho, escuto
a santinha, desfolha-me no sangue o terço...
O Caminho Multiplicado
Pedras, árvores, pão de torrentes,
todo reino morto sobrevive
se os candeeiros acenderem-se
sob as lufadas da tua memória.
Na olaria,no fundo da América,
no fundo de mim, no fundo de ti,
o múrmurio do relâmpago
o trovão do regato,
da luz da pedra, uma chuva
de um noite em ameríndia
e negra taça da bebida
do mesmo idioma de uma só raça,
na minha pele, na tua pele,
o mesmo corpo rasgado,
pelas trilhas dessa terra,
nossos caminhos multiplicados.
Trilha funda do guerreiro,
do nativo com suas" noites
de jacarés,"
com oito palmos de largura
e cinco mil quilômetros
de extensão
desde o Atlântico até
os Andes, caminho
de São Tomé...
Só a lavra de teus passos
caminheiro,
Escreveram e ainda escrevem
pelo chão do verso e do
reverso da terra
a escrita de água magna
desses pré-colombianos
magmas.
Trilhas do sol de
gramináceas sementes
que glutinosas grudavam
sob os pés dos passantes,
e se multiplicavam com
os passos do caminhante...
Germinou e germina ainda
O sonho e a lavra dos viajantes,
carrega as nossas quimeras errantes,
lapida os vasos das cozinhas,
reacendem as grimpas
e o carvão anoitecido
a lenha dos fogões,
com suas brasas das
funduras das minas,das sinas,
do corpo,da alma, da mente...
rechaça as turbas fechadas
da alcoolica selva da desmemória.
A trilha abriu o corpo
nosso, osso, fosso, continente,
multiplicando, pão, peixes,
dores, sementes, muralhas!
Onde ficam os descobridores
da América,
se testemunharam as aberturas
das trilhas do sol
o mesmo sangue vegetal
essas araucanas araucárias que
alimentaram com seus frutos
pelos caminhos, os nativos,
e históricas sentinelas
com suas eriçadas lanças insepultas,
erguem-se guerreiras
ainda hoje
pelos mesmos vales e colinas,
desde ontem
testemunhas multiplicadas?
Sob o anel do tempo,
não dormem as trilhas vivas
da memória,
sempre inacabadas...
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