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SIMPLESMENTE ZOCHA
(Carroção do Tempo (dos polacos))
"...executo meus versos na flauta das minhas vértebras..."
Maiakóviski
Sofia encaracolou os cabelos louros de polaca lambida. Hoje em algum lugar do presente tirou a blusa de cambraia branca com rendilhas nas bordas da gola e irreconhecível caminha entre as cercanias do jardim, de lenço, chapéu de palha e botas com o tesourão nas mãos. A cada picotada no pescoço das roseiras, atira longe os galhos imprestáveis, que seu Lucas marido cata e depois deixa limpo o terreiro, porque o chão se reescreve e escrever como dizia Clarice , pode ser uma forma de abençoar uma vida, que não foi abençoada . São Tomaz de Aquino acaba de chegar com Aristóteles da abadia de Tomáz Coelho, cidade colonizada pelos poloneses no Paraná, com Geraldo, o noviço. Observam a teologia de Sofia e este último tem dficuldade em entender as suas oxítonas e as equações riscadas no afofamento da terra. Geraldo é o sobrinho quase padre católico que
observa os movimentos rítmicos de tia Zocha entre as carregadeiras formigas.Se o canteiro é água, ar, fogo e terra, não é difícil descompreender o jardim!
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 24/11/2018
Alterado em 25/11/2018