.....apanhou o velho sobretudo cinza, cheiroso de naftalina, fazia frio, o pacote de livros de cima da mesa e olhou a grande janela que dava para a imensidão da planície longíngua. O sol morno da manhã se engalfinhava pela grande porta basculante que dava para a perigosa sacada do sétimo andar. Tão alto do chão, tão pregado ao chão.
Olhou o pacote, havia colocado o nome e endereço da signatária em letras de forma.
Abriu a porta, chamou o elevador e desceu.
No caminho ao telefone.- Estou indo ao correio postar os livros dizia, e depois vou procurar um lugar para comer.
Em algum lugar do mesmo instante, ela desligou a telefone. Olhou em volta, que aperto imenso sentia no peito. Por que havia de estar assim tão só, que cavalheirismo ter empacotado os livros e ir ao correio posta-los, aqueles livros ainda tinham dedicatória... Emocionava-lhe tamanha ternura, queria estar ali agora ao seu lado, queria ter feito seu almoço, ajuda-lo a vestir o sobretudo cinza....
(Memoriais de Zocha)
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 17/07/2018
Alterado em 19/07/2018