Uma parábola inominada
....na lavoura das palavras a pena voa soprada por um vento que tudo poliniza. Esse vento ressoa dia e noite e sua voz nunca cala.Quando não é vendaval, nem ventania é brisa e assim não cessa de por ovos de suas sementes enquanto os homens ignoram-no e fazem suas guerras.
Este espírito diz-se que é soprado por um estranho ancião tocador de pífaro que habita as montanhas além , mas a verdade que onde a pena pousa uma planta nasce e assim os seus campos de força estão sempre carregados de ervas e joios, porque a terra medula sua energia de propulsão de opostos assim cegos reconhecem as suas luzes embora ele seja não tocável, ecoa dentro e fora e não distingue planos, nem dimensões ou órbitas. O jardim cultiva todas as faces mas, possui profundas crateras que engolem, polens que florescem olhos de almas , criam escuros buracos e variantes geométricas não euclidianas ao olhar do peregrino buscador.
O velho toca dia e noite a velha canção de pó e pólen, suas sementes sempre renascem ,ele nunca se cansa de tocar as velhas cordas nos hemisférios orbitais do corpo da alma. Há milênios a toca sem parar e até as formigas trabalham pelas herdades ao seu compasso. .Quando tudo esmaece a querer adormecer ele já acendeu céus e terras e embaralhou os fios de cabelos da esfinge e sacudiu a arca onde sangra incrustada a ferida concha...
Mas,se esse espírito do vento é velho semeador de palavras e soprador de feijão na bateia, nunca enreda caminhantes , é demolidor daqueles que desconhecedores de caminhos pensam conhece-lo e julgando sabê-lo se precipitam a correr atrás dele, como se ele pudesse ser pelo humano tocável...
...falível palavra que não pode se auto-responder, guardadora de sementes...essencialidades tomam formas pelo verbo...
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 28/11/2014
Alterado em 29/11/2014