imagem/fonte/ Marcel Duchamp/1913
After Duchamp
Mito, arquétipo, verdade, o que é uma obra de Arte? Focillon nos diz que ela é uma tentativa em direção ao único, e nela se concentram as energias das civilizações. Essa viagem fenomenológica parece carregar consigo a real
história da humanidade, além dos mutantes questionamentos filosóficos de culturas, de épocas. Se queremos sentir com sensibilidade a atmosfera da Idade Média, os corredores da arte sacra nos conduzem pela visão dogmática de um homem devotado ao pensamento religioso de seu tempo. Sentimos a predominância da religião a marcar os caminhos do espírito do artista e sua produção, os muros desconhecidos compelem à uma interioridade sacralizante em concomitante passo à economia feudal que subverte valores e assim o Direito Natural malgrado as ponderações preconizadas pelo sábio grego Aristóteles. Por outra lado, o pensamento livre, a percepção hermética da vida e das coisas é heresia , há que cuidar-se com a fogueira. Sem ater-se a esses profundos caminhos de filosofia, sociologia ou da antropologia, o museu do tempo é uma radiografia constatativa dos sintomas do pensamento e da sensibilidade humana e sua história de compreensão através da produção artística. A dissolução da pretensa solidez da matéria,na percepção da realidade pela fragmentação do olhar através do movimento Impressionista francês de 1870 aponta um novo rumo na ótica da sensibilidade e da cultura ocidental, antecipando as constatações da Ciência. Quando, em decorrencia da revolução industrial, o artefato maquinal, serial choca -se com a artesania do homem , nos vemos diante de um penico masculino adotado pelo artista francês Marcel Duchamp em uma exposição em 1913 em Nova York, desarticulando o pensamento sobre a obra de arte no tempo e no espaço já deflagrada anteriormente , pela descontrução das linhas picassianas com o Cubismo, fazendo ruir toda uma pirâmide fenomenológica de séculos da arte dita clássica e agora vigorando uma pseudo-liberdade artística que se devora sem sentido , passamos a refletir que algo muito profundo aconteceu com o homem e sua sensibilidade e está acontecendo...
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 15/02/2014
Alterado em 16/02/2014