pintura/Lreinhardt
Impassabilidade
Sou daquele tempo
se catavam versos ao chão
eu sabia ler
tudo eu lia
lia as sementes
as ranhuras das línguas de vaca
tudo eu escutava
conversa de andorinhas sobre o muro
o buliço do vento repicando a trovoada
o cochicho da chuva chegando devagar....
E sobre os trechos escuros
relampejava a escuridão pelos brejos
lia-se mesmo em página fechada
riscos incandescentes dos rios
brilhavam pelo céu
os rios quando bravos mudavam de lugar...
Isso e mais um punhado de alguma coisa
imperecível
cor púrpura da caixa aveludada
minha máquina olivetti studio 44
cheiro daquela caixa
do óleo das teclas olhos de tintas
ultrassom não existia....
só a cadencia sonora daquele alfabeto
que guardava em segredo os nascimentos...
pois sempre houvera eternidade
do que se lia e escrevia
aquele tempo nunca passaria...
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 07/01/2014
Alterado em 08/01/2014