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tela: tania paulpilz O PARÁGRAFO DO MILHO COM CORA CORALINA ....essa terra de profundas raízes...
Cora se fez museu vivo, retirando de dentro de si um imaginário real, vivido, experenciado, raízes de seu sangue, de seu povo, de sua terra. Assim cumpriu um destino singular na história da literatura brasileira. Velha cabocla, lavadeira do Rio Vermelho, doceira, cozinheira, roceira como se dizia, lavradora-mestra dos grãos e das letras, nos deixa simples como simples somos, para ouvi-la e reverencia-la :
POEMA DO MILHO
" ...em qualquer parte da Terra um homem estará sempre plantando, recriando a Vida, recomeçando o Mundo. Milho plantado; dormindo no chão, aconchegados seis grãos na cova. Quatro na regra, dois de quebra. Vida inerte que a terra vai multiplicar. E o milho realiza o milagre genético de nascer. Germina. Vence os inimigos. Aponta aos milhares. - seis grãos na cova. - quatro na regra, dois de quebra. Um canudinho enrolado. Amarelo-pálido, frágil, dourado, se levanta. Cria substância. Passa a verde. Liberta-se. Enraíza. ...tons maduros de amarelo. Tudo se volta para a terra-mãe. O tronco seco é um suporte, agora, onde o feijão verde trança, enrama, enflora..."
....." não andeis a respingar" - diz o preceito bíblico. O grão que cai é o direito da terra. A espiga perdida - pertence às aves que tem seus ninhos e filhos a cuidar. Basta para ti, lavrador, o monte alto e a tulha cheia. Deixa a respiga para os que não plantam nem colhem. - O pobrezinho que passa. - Os bichos da terra e os pássaros do céu..." www.lilianreinhardt.prosaeverso.net www.cordasensivel.blogspot.com
Coralina, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, Global Editora, SP, 1985
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 15/04/2007
Alterado em 15/04/2007
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