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tela: luiz áquila
O LARGO DOS OLHOS QUANDO NOS CHORA
Atirei uma pedra ao lago. O lago moveu-se dentro dos meus olhos. É ao largo do lago do olhar que os olhos nos choram e são os únicos que nos pranteiam o insólito. O lago mexeu-se...refletiu-se, filigranas entre as sombras, o múrmurio do vento açoitou a superfície, as águas se revolveram e as bordas da terra lavaram-se. No barranco,sob a relva, na umidade das margens, uma menina de olhar chorou uma mulher. Mascando fios de capim seco, entre os dedos uma flor a esvair-se, a oferenda volatizada, já não mais enlaçava suas crias, só teias e enredos sob o vitral d'água estilhaçado. E neste espéculo,
seus passos dançam, a arena é sutil e guarda seus retalhos em floradas de abril, anoitecidas folhas que não mais amanhecem...As águas se moveram, e em sutis lâminas alcançam-lhe os rastros, os pés descalçados, e assim, em mim chegam as sombras e pousando sob a densidade evaporam-se em sutis frascos de dissimulados olores, como lascas de vidro desses ponteagudos penhascos ...enquanto este lago me chora , arrebentam-se esses traços...
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Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 09/04/2007
Alterado em 11/10/2007
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