tela: Nicolas Stael
CAMINHEIRO
Venho de caminhar léguas
e guardar na constância da poeira
as areias brancas do meu pão.
Venho de recobrar da espuma do tempo
meus olhos de nuvens,
de me perguntar sempre, inutilmente,
por que estes séculos em mim
conduzem-me sempre para o mais
êrmo,
e as noites são como uma látega
mancha
que me tinge a boca da alma
na habitação da carne,
sob o sabor dos véus,
da vida e da morte que me caminham
e que tenho sempre os pés descalçados
nesta morada invisível do meu sentir...
Venho e sempre vago como sou,
caminhante por dentro,
translúcidos ossos,
ao vento!...
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