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Tela: Georgia O'keeffe CANGA
Minha canga, minha cabeça, couraça de fios, de raças, de cordas, de linhas, feixe de córneas, lumens e agouros... Guardo aí dentro as marcas cinzeladas do couro, os riscos do arco-íris, os desejos, os solfejos da sanga. A luz trespassa meus cabelos de olhos de milho. Me sinto as vezes verde, floresta sem trilha. Outras, em noites de argila, minhas palhas se mumificam e os pássaros professam ninhos, nessa concavidade sepulcral, onde passeiam as formigas e os insetos rastreiam ermidas, sob essa ossada vegetal. Ah, que eu habito essa cripta, e bem que sempre daí ouço o sibilar dos regatos... murmurante ancestralidade!
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Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 26/02/2007
Alterado em 07/04/2007
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