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pintura/detalhe (Memoriais de Sofia/Zocha)
Lilianreinhardt
Zocha sentia que havia alguém sentado sobre aquela bancada branca. Cortinas semi abertas, uma voz suave e melodiosa ressoava entretanto de forma austera aos seus ouvidos: - Voce sabe quem sou eu! - Sim, feliz que esteja aqui, assentiu a polaca - Continua o seu trabalho menina, é preciso terminar de tecer esse pulover ...
completou a voz. Zocha passava o fio sobre as agulhas da pesada Lanofix e a malha ia apontando, deslizando sobre o impulso hábil de suas mãos. A bancada era rústica, feita a machado, Frau mãe a fizera com toda a sua força e a pintara de branco para que a tecedora de Zocha recem adquirida a prestação em trinta e seis meses pudesse ali funcionar, não havia condições economicas
de adquirir outro suporte para colocá-la. Aquela menina parecia com a bisavó que tecia luvas com cinco agulhas. Uma réstia de luz e Sofia desaparecia no Jardim da casa da Água Verde. Chovia a cântaros quando o dia amanheceu passarinhando ventos e no lugar da tecedora na bancada a jovem Zocha datilografava seus trabalhos de faculdade numa pequenina Elgin Brother portátil sobre a rústica bancada de madeira pintada de branco. Entre os resumos de Direito das Gentes, (Jus Gentium) , ela percebeu que lágrimas escorriam sob o vitral de seus olhos... águas escreviam o poema... Da bancada branca a água pura e cristalina vertia-se...e teciam-se os fios d'água turva na roca...hálito da vida ainda menina...água de suas águas...
http://lilianreinhardt.prosaeverso.net/audio.php?cod=163
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 21/08/2012
Alterado em 23/08/2012
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