Antoni Tapiés. Puerta Metálica y Violin,1956
Pintura sobre objeto-assemblage, 200x150x13 cm
Fundació Antoni Tapiés, Barcelona,España.
A PINTURA MATÉRICA COM ANTONI TAPIÉS
Antoni Tapíes é uma reverência da moderna e contemporânea pintura espanhola e mundial. Nascido em Barcelona em 1923 é autodidata como pintor, mas estimulado pela família formou-se em Direito. Aos dezoito anos sofreu grave moléstia pulmonar, e graças ao médico que o tratou na ocasião, conheceu Pablo Picasso do qual tornaram-se íntimos amigos. Estudou arte moderna e foi um combatente reacionário que uniu a vanguarda catalã de seu tempo contra a censura do regime fascista de Franco, na Espanha. Conheceu a literatura surrealista de André Breton e foi amigo do pintor Juan Miró. Ainda jovem, sua pintura ganhou reconhecimento pelo mundo, tendo participado da Bienal de Veneza em 1952, com várias edições junto a Documenta de Kassel na Alemanha e Bienal de Veneza em 1954 e 1993, quando ganhou o leão de ouro. Suas mostras tem percorrido a Europa, Estados Unidos, oriente, como o Japão. No Brasil, em 1953 na segunda bienal Internacional de São Paulo, a pintura denominada "Ásia" de Tapiés, que atualmente pertence ao acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), recebeu o prêmio de aquisição, entre consagrados nomes como Mondrian, Paul Klee, Kokoschka, James Ensor, Munch, Henry Moore, Alexander Calder, todos que participaram daquele evento, para o qual o MoMa , Museu de Arte Moderna de Nova York havia enviado "Guernica" de Picasso.
Sua obra é caracterizada por uma forte e inigualável expressividade, praticando uma arte que emerge da sensibilidade como um território para a liberdade. Sua pintura é a expressão desta liberdade, tendo-a praticado mesmo durante a ditatura de Franco(1936/1975), fazendo-a em favor da liberdade frente ao mêdo, como dizia.
É a partir de 1953 que a obra de Tapiés ganha mais relevância expressiva, resultando no que se denominou chamar-se a partir de 1954, de pintura matérica. O artista usava o látex como agente de ligação e combinava pigmentos secos, como pó de mármore, areia, terra, entre outras e múltiplas substancias para criar seu trabalho. Assim desenvolveu com densas camadas de tintas, as quais produzem profundos relevos, uma pintura materializada, de dramática expressão, com corpo próprio e absoluta de plena vitalidade, tendo alcançado estilo único na história da arte do pós-guerra. Utiliza vários signos no universo de sua pintura, como a cruz, o X, tendo Julio Cortázar, escritor argentino feito surpreendente paralelo entre suas telas e os muro grafitados, para o qual criou a expressão "muro-pintura e pintura-muro". Da mesma maneira, Tapiés também utiliza em suas pinturas as caligrafias orientais, asiáticas, valendo-se do efeito mágico de sua expressão de conteúdos. Atualmente, já ancião, Tapiés ainda continua a aceitar os desafios, com um trabalho em constante metamorfose, com seu senso peculiar de espaço , como precursor do informalismo europeu, praticando uma inconfundível gramática poética e pictórica, onde o viés universal e o caráter atemporal em suas obras são visíveis,caracterizando-o como um dos mais importantes artistas plásticos espanhóis da atualidade e arautos do humanismo e da liberdade.
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 27/11/2006
Alterado em 03/12/2006