tela/s/título/2003
assemblage/70x 109cm
Carlos Novaes
ACÚMULO E EXCESSO/O TURBILHONAMENTO VISUAL NA PINTURA DE CARLOS NOVAES(*)
(Excerto II/A Desconstrução poética na pintura de Carlos Novaes)
A articulação significativa da obra de Carlos Novaes parece estabelecer conexões as mais diversas e apontar para qualidades indicativas as quais o seu trabalho estético referencia pela sua materialidade plástica e conceitual, compreendendo-se como pleno de significados, cujos espaços-tempos apreendidos pelo artista expressam seus valores de visão existencial do mundo. A obra apresenta um adensamento visual,uma concretude cada vez maior, a medida que o artista como que movido por um fluxo contínuo, vital, acumula cada vez mais elementos sobre a superfície do plano pictórico, até chegar ao excesso e emergir do caos com novas ordenações espaciais-formais. Na conjugação de elementos os mais diversos, compõe relevos, texturas, reconstruindo pela fragmentação um imaginário onírico, cujos sinais visuais parecem emergir como retalhos apreendidos pela realidade fenomenológica. Essa realidade sócio-cultural para o crítico Teixeira Coelho pode ser a tendencia moderna de se ver apenas o significado indicial das coisas, pois na sociedade tecnológica hodierna este processo é prevalente. Assim, os ícones dispostos de forma indicial são apreendidos pela consciencia do indíviduo receptor qual mosaico onde as coisas são vistas como retalhos, rapidamente, vez que se multiplicam e se sucedem como imagens desconexas que impedem ao indíviduo, segundo a reflexão deste autor, uma visão abrangente, totalizante de si próprio e de seu mundo provocando o processo de alienação. Essa alienação compreende a passividade para o pensador francês Guy Débord cujo resultado é um comportamento social hipnótico decorrente da cultura da imagem produzida e divulgada pelos meios de comunicação de massa, a qual Debord denominou de "espetáculo". E, para o filosófo Adauto Novaes reportando-se a Debord, o "espetáculo" tornou-se sinonimo de cultura, "o centro de significação de uma sociedade sem significado", onde o reino da mercadoria reduziu a cultura à alienação e o indivíduo à passividade...
(*) Carlos Novaes é artista e poeta paranaense da contemporaneidade, natural de Curitiba/Paraná, atualmente residindo no Rio de Janeiro.
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 16/03/2011
Alterado em 05/04/2011