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pintura/Johannes Veermer (séc.XVii//precursor do Impressionismo) Claude Monet.Impression:Sunrise.1873.oil on canvas. 48x63 cm Musée Marmottan. Paris, France.
O IMPRESSIONISMO E A FRAGMENTAÇÃO DO OLHAR
(releitura) Se o mestre holandês Johannes Veermer (séculoXVII) pode ser considerado poeta da luz, na pintura, com uma obra precursora do Impressionismo, na captação da luminosidade atmosférica, cujas telas de singular beleza deslumbram pela musicalidade de seus tons amarelos e azuis, essa luz foi traduzida pela tendência que se denominou Impressionismo em meados do século XIX , na França, com características peculiares, inovadoras dentro da historiografia da arte. Pela primeira vez o artista saiu de seu compartimento fechado, de seu estúdio para capturar as sensações da natureza ao vivo, em plein air. Claude Monet foi o seu principal pintor.Saia de seu estúdio e colhia as sensações diretamente em contacto com a natureza. A sua tela Impressão do Sol Nascente, recusada pelo salão oficial em 1874, em Paris, viria a tornar-se um clássico e expressão de uma ruptura na história da arte. Mas, para entender-se melhor essa nova tendencia artística, é necessário que se tenha conhecimento de que o olhar impressionista agora diferia singularmente diante do modelo do mundo, iria se contrapor contra a solidez de uma suposta realidade. Necessário saber-se que, a Arte é especular e reflete as dimensões da alma e pensamento humanos. Com o Romantismo em Delacroix a individualidade esgueira-se na pintura e adentra a feitura da obra. O modelo Romantico se exacerba e rompe lentamente com a moldura clássica e as poses teatralizadas. O artista se insurge contra as fórmulas pré-estabelecidas e seu trabalho começa a refletir sua angústia, sua alma. Com o Impressionismo o olhar se apercebe da fugacidade, da efemeridade do que capta: a luz. E dessa maneira, vai compor a sua paleta com cores puras, justapostas, o pincel vai acompanhar com rápidez a dança cíclica do movimento da luz.No túnel do tempo, a fugacidade, o instante diante dos olhos, o mundo das sensações de luzes, a luminosidade atmosférica, tudo deve ser captado muito rápido, porque fugidio, e assim , a materialidade do olhar se fragmenta, se decompõe, se dilui, as formas, espaço e tempo diluidos, a solidez volumetrica de percepção contestadas. A pincelada impressionista é fragmentada. Muito a se refletir sobre a fragmentação do olhar impressionista e sua materialidade, através das sensações da arte, da literatura... George Seraut irá transpor posteriormente ,para a pintura uma ótica mais racional, científica, das sensações captadas pelo Impressionismo, através do Pontilhismo.E Paul Cézanne aprofundará de forma ontológica as sensações a nível de consciência, de reflexão, de pensamento. Mas, com o Impressionismo o olhar não é mais o mesmo. Sobre o singelo vaso com flores, luzes, cores, reflexos, sombras, passeiam rápidos aos nossos olhos como sensações captadas pela nossa percepção das formas cambiantes . A realidade e a sua materialidade pictórica deve ser colhida instantaneamente pela paleta impressionista. O Cubismo com Picasso e Braque, no início do século XX, iria posteriormente decompor racionalmente as sensações de espaço e tempo impressionistas, sedimentando na Arte a fragmentação do olhar do homem moderno.
BIBLIOGRAFIA:
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Cia das letras,1996. CHIPP, H.B. Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Martins Fontes,1996. HARRISON, Charles. Modernismo: São Paulo, Cosac& Naify Edições,2000 STANGOS, Nikos. Conceitos de Arte Moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,1997. PAREYSON, Luigi. Os problemas da Estética. São Paulo, Martins Fontes,1997.
(D.A.reservados)
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 11/06/2010
Alterado em 11/06/2010
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