pintura/Honoré Daumier/Ecce Homo
ETERNIDADE!? /TRANSCENDENTALIDADE DE UM INSTANTE *
(uma experimentação fenomenologica que
não combina com pragmáticos nem contemplativos robots)
Não sei como nominar um instante e sua eternidade ou transcendentalidade quando isso acontece em meus sentimentos, enquanto eu consciência. Sou em certo sentido schopenhauriana quando este filósofo diz do mundo como expressão e representação de uma Vontade inexorável de vida, mas, discordo quando ele afirma que essa Vontade(o em-si de Kant), (Essência/Nirvana/budista), seria irracional. O meu universo do corpo (lugar da minha apreensão e compreensão do mundo) fenômeno de mim, diz-me o contrário. O universo são leis e desconheço-as mas, creio que só com a ampliação da consciência é possível desabitar lentamente essa escuridão. Ainda sou molusco, frágil substancia carregando o peso da concha. Custa-me crer que o canto do pássaro seja perverso e assim a Vontade com seu impulso de vida seja perversa. Há algo errado aí e penso que são as minhas lentes. Mas, comungo com Schopenhauer quando diz que a vida através da Arte revela-nos instantes de transcendentalidade além do fenomeno com a apreensão e contemplação do belo, do sublime, seja na criação, na apreciação e na comunhão com uma obra de arte seja na experimentação e vivencia de um momento existencial de apreensão estética. Talvez um desses momentos eu tenha experenciado, entre muitos, mas, quero aqui consignar este, que ocorreu um dia quando ainda estudante, na faculdade, assistia uma aula de Direito Romano. O professor inquieto volteava em sua retórica discorrendo sobre o direito das gentes “jus gentium” (direito que compreendia normas (leis) criadas pelos romanos para reger os estrangeiros dos territórios que o império conquistava e essas leis se diferenciavam de outras elaboradas para os cidadãos romanos, (filhos da casa), o “jus civile”, mas, enfim, anteriormente, aplicavam-se as normas do Código de Hamurabi, com a pena de talião,
com regras duras de olho por olho, dente por dente, leis que tinham por fim serem retaliativas aos delitos praticados. E assim, discorria o professor no tempo da história do direito romano, quando , sua voz pausou-se e aquietando-se, ele acrescentou que todo aquele corpo de leis que aplicava-se pelo grande império romano ao mundo de repente sofria uma mutação inconteste, e esta acontecia pela aplicação de novos princípios éticos como a benignidade, a compaixão, que agora abrandavam as leis a serem aplicadas pelos romanos ao seu império referentes à família e que estes princípios provinham de um homem do Oriente que os praticava e pregava com uma nova moral de humanismo, de Justiça e compaixão entre os homens. Morava ele na Galiléia e era conhecido como o Nazareno e se chamava Jesus! Não consigo esquecer da aura daquele momento e da verdade da existência daquele Homem...
(*)A palavra "eternidade" aqui (literária) tem conotação com "transcendental" "como forma a priori de categoria e intuição presentes na mente e sensibilidade que se aplicam à experiencia e percepção do mundo...consoante nos ensina o Prof.Jair Barboza,em seu livro SCHOPENHAUER, Editora Jorge Zahar Editor,p.24.
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Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 31/05/2010
Alterado em 02/06/2010