VERBO OBSCURO
(Conjuração do Verbo com Sofia (zocha)))
Sou extremamente desconfiada de mim, então, desconfio das palavras. Desconfio da teia das palavras, dos pontos, das pinças, desconfio das rinhas que frequenta, a palavra afunda meu espaçamento, o meu ser tempo, me oculta, me engedra, me respira, mas, não me compreende nem eu a compreendo. Devo ser-lhe uma caixa oca, com uma ressonância louca de estupefação de gritos ancestrais da minha maturidade, violentada no meu tempo/espaço. Não bordejo, nem vaquejo, me enredo entre sinais que contesto. Se é habitação me descuido de habita-la, se me resvala, caio na sua vala, afundo na rala. Desconfio da palavra, me recuso a entende-la, tento verga-la como o junco, quebra-la com o cinzel, bebe-la do tonel no cálice das minhas sangrias, mas, me asfixia, me endemonia, me lanha, me verte e não me submete, não lhe faço rogo, não me penitencia, não lhe considero verso puro, fico sempre atrás dela, desconfiadamente, com meu olho aberto no escuro, sangrando o meu verbo oculto...
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