05/05/2008 11h45
O LAGARTO DO TEMPO
O LAGARTO DO TEMPO
Se estica como a lei,
ora é lagartixa, ora é jacaré,
toma sol, céu, na bunda, no pé...
cai de arribada,
tem asa cortada,
mas sempre sobrevoa
e se ri a toa.
Quem é esse que entre as folhagens se esconde,
simulacro com um milhão de olhos de paisagens,
quem é esse destempo, sem ícones,
sem imagens no altar, esse contralto
no rabo do vento, bentinho beiçudo,
descaído putto da pauta,
que desentoa, no oratório da sala,
afunda a canoa na cozinha
e vara raspando o caldeirão da noite
na concha acesa do fogão?!
Que é esse sopro do instante,
fuligem do inferno ,
carbono e quase- eterno,
escrito nesse caderno?!!!
Ana Cortes
Outono de 2008
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Publicado por Lilian Reinhardt em 05/05/2008 às 11h45