O INSTANTE
"Onde estarão os
séculos, onde o
sonho
Das espadas que os
tártaros sonharam
Onde os sólidos
muros que
aplanaram,
Onde a árvore de
Adão e o outro
Lenho?
O presente está só.
Mas a memória
Constrói o tempo.
Sucessão e engano
É a rotina do relógio.
O ano
Nunca é menos vão
do que a vã história.
Entre a aurora e a
noite há um abismo
De agonias, de
luzes, de cuidados;
O rosto que se vê
nos desgastados
Espelhos da noite já
não são os mesmos.
O hoje fugaz é tênue
e é eterno;
Não esperes outro
Céu nem outro
inferno "
Jorge Luiz Borges (1899-1986)
In: Obras Completas II, O Outro, O Mesmo
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