pintura/Lilianreinhardt
oil painting and pastel
CASA-ALMA
Minha casa-alma me habita
e me percorre no mistério
dessas colinas.
Quando a noite chega,
recolhe-me...
e assim sou recolhida
pelo sudário da neblina.
Na escuridão dessa viagem,
só os ôcos silêncios
fazem a liturgia,
enquanto meus pés
descalços sentem o torpor,
das folhas salpicadas
que se escrevem.
Mas, quando venta
empoeiram-se os manuscritos
e lavam-se sob o orvalho.
Nesta casa-alma de prenhez
e tormentos sem atalhos,
os pássaros fazem aconchego
entre os esconderijos
das ramagens.
Minha casa-alma a noite
é assim este estranho ninho,
coagulante de suores,
de verdes dores, selvagens!
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