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Sensíveis Cordas!

Textos

       Há um vento que sopra além e não se sabe de onde e solfeja sobre o mar da memória.  Zocha escuta, desescuta, o tempo é ave, revoa, tem asas, onde guardará essa bilha tão pesada, palavras d' água é a mesma água que flui por todos os flancos e desenha caminhos, quando aprisionada pesa e se faz corpo denso e o aguadeiro se torna discipulo. Ela abre as páginas do silêncio, o grande livro nu da memoria lhe sorri. Zocha sabe que o seu olhar afeta o que ve, o que toca , o que rememora. Passa as maos pelo rosto. É o mesmo rosto. Nao precisa de espelho para ver a mesma face. Mas um cansaço filosofal pesa-lhe a nave do corpo. Certamente está pousada numa outra dimensão onde as crianças não são decapitadas e os animais não mais morrem em matadouros ao festim dos humanos.Não tem noção certa onde esta mas fragmentos de tempos imemoriais  se tornam espirais de luz e ela poderá desenhar multiplas espirais e eles poderão florescer como as flores. A figura austera do alto professor de latim que dava aulas com as unhas sujas de terra, que cultivava rosas, ressurge num planeta distante. Zocha sente o tempo passante como um raio cortando a escuridão, um risco no carmesin da carne larvosa, nao tem rosto, sente os espinhos, na parede é sombra...e noutro tempo uma fogueira acesa expelia línguas, assustavam as faiscas da lareira acesa na pequena sala da casa do sonho. Do outro lado da cerca o ruído mortífero . letal das maquinas do vizinho sanguinário como um lobo faminto  tentando soprar a morada dos sonhos de sua familia. É a explosão do tempo nas fendas da memória,  crateras se abrem, está num rochedo , marulham as ondas Zocha abre as asas. É ave sem tempo e espaço...........

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 29/10/2023
Alterado em 30/10/2023


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