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Textos


   pintura/Lilianreinhardt   


  "....A profundidade pictural (e também a altura
e a largura pintadas), vêm não se sabe de onde,
pousar-se, germinar sobre o suporte. A visão do
pintor não é mais um olhar sobre um exterior,
relação "físico-óptica" somente com o mundo.
O mundo não está mais diante dele por representação:
antes o pintor é que nasce nas coisas como por
concentração e vinda a si do visível; e o quadro
finalmente, não se refere ao que quer que seja
entre as coisas empíricas senão sob a condição
de ser primeiramente, "autofigurativo" , ele não
é espetáculo de alguma coisa a não ser sendo
"espetáculo de nada", rebentando a "pele das coisas"
para mostrar como as coisas se fazem coisas e o mundo

se faz mundo. Dizia Apollinaire que num poema há
frases que não parecem ter sido criadas, parecem
ter sido formadas. E Henri Michaux observa que
algumas vezes as cores de Klee parecem lentamente
nascidas na tela, emanadas de um fundo primordial,
"exaladas no justo lugar", como uma pátina ou um
bolor. A arte não é construção, artifício, relação
industriosa a um espaço e a um mundo de fora.
É verdadeiramente o "grito inarticulado" de que
fala Hermes Trimegisto, "que parecia a voz da luz".
E uma vez aí, ele desperta na visão ordinaria das
potências adormecidas um segredo de preexistência..."


Ref.Bibliográfica

PONTY, Maurice Merlau . Textos Selecionados, O Olho e o Espírito. SP:Editor Victor Civita, 1984, pág.104
Lilian Reinhardt
Enviado por Lilian Reinhardt em 03/12/2012
Alterado em 03/12/2012


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